sábado, 13 de dezembro de 2008

O RETIRO

O texto a seguir foi retirado do BLOG - http://eupadre.blogspot.com/ ( Confessionário dum Padre).
O texto revela o mais puro sentido da vocação o que move um jovem a ser padre.

Estava no meu décimo segundo ano, prestes a ingressar em teologia. Um passo decisivo. Éramos mais que dez, mas não lembro o número ao certo. Não foi isso que me marcou. O nosso Director Espiritual agendara um retiro a que chamava de decisivo. A entrada em teologia era um passo importante. Modelo de Santo Inácio. Pequena introdução à reflexão com os passos a seguir. Depois uma hora de meditação individual. Foi uma semana de grande silêncio. Ainda recordo o tinir dos pratos às refeições e o chilreio dos pássaros. Passei uma tarde sentado no monte, apenas com Deus, uma sandes e uma maçã. Conversei muito com Ele e comigo. Às tantas o padre pregador ensina uma técnica. Desenhem numa folha duas colunas. Na primeira enumerem as razões pelas quais devem ir para padre. Na segunda as razões para não irem. Foi um grande debate interior. Enchi a folha, tanto de um lado como do outro. Penso agora que escrevi mais na primeira que na segunda. Mas às tantas, parei bruscamente. Assaltou-me um pensamento. Melhor, um sentimento. Deus ama-me tanto! E repetia-o. A repetição não saía de dentro de mim. Recordo que estava na Capela, sozinho, a um canto. Era um final de tarde. O lusco-fusco salientava a luz que alumiava o Santíssimo. Atirei a folha ao chão. Não havia necessidade dela. O amor de Deus bastava. Fiquei a olhar a luz que pousava na folha. Era a luz que vinha do sacrário. Deus ama-me tanto! Uns anos mais tarde, antes da minha ordenação, ainda sentia esta repetição. Hoje ainda vou buscar forças a este retiro, a esta repetição. Engraçado como não foi amor a Deus que me tornou sacerdote, mas o amor de Deus.
Sábado, Novembro 15, 2008

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